Pé-na-bunda, dado ou tomado, ensina muito! 4- É proibido mudar! Só que não.

Pé na bunda pode ser bom!Sim sim! Estou de volta para contar o que tantos pés-na-bunda, dados e tomados, me fizeram aprender durante esses 11 anos de carreira. (se você perdeu os primeiros, no fim deste post há links para toda a sequência)

Quando você se apaixona por alguém, normalmente é porque alguns itens que você sempre sonhou como ideais em um companheiro foram encontrados ali. Mas a paixão acontece num piscar de olhos e quando a gente pisca, dificilmente consegue ter uma visão profunda e completa. Com o passar dos dias, você começa a realmente conhecer a personalidade, as manias e opiniões da pessoa e ou você a pede em casamento ou sai correndo.

Se a opção foi continuar no relacionamento, você e sua mochila de expectativas e projeções, já imaginam como tudo vai ser dali pra frente. Ou ao menos como tudo deveria ser. O problema é que as pessoas mudam, umas evoluem, outras regridem, mas fato é que dependendo das experiências vividas e da abertura às novas informações, o indivíduo muda.

Sempre há opções e precisamos ter liberdade para escolherSe a pessoa está regredindo a gente pula fora. Mas e se a pessoa estiver simplesmente mudando, será que sabemos lidar com isso? E se ela estiver evoluindo em uma velocidade diferente da nossa, batendo de frente com nossos caprichos e crenças “únicas”? E se ela simplesmente mudar de ideia? É aí que o que parecia simples, as vezes vira uma troço bem complicado.

Por exemplo, a Sâmela de 10 anos atrás achava que toda a sexualidade diferente do “padrão heterossexualidade” era doença, que maconha era igual a crack, que todo drogado era criminoso, que até os 25 anos de idade deveria estar casada e com ao menos 1 filho e que até aos 30 deveria ter o 1º apartamento, que carro era demais e bicicleta uma coisa imbecil, que o Brasil era o único lugar bacana do mundo, que só coisa cara era coisa boa, que só uma religião era certa e os outros com uma crença diferente iriam para um grande inferno se não obedecessem o deus tão bravo e castigador que me foi apresentado, e por aí vai.

E se o outro quiser algo diferente do convencional? Pense nisso!

É, a gente muda de ideia o tempo todo!

Essa Sâmela não existe mais e se alguém tivesse se apaixonado por ela e não aceitasse e respeitasse todas essas mudanças, provavelmente não estaríamos mais juntos. Logo, querer estar com uma pessoa por muito tempo, significa já aceitar que aquela pessoa é livre e que diariamente terá contato com coisas diferentes que poderão lhe dar mais luz sobre o que realmente importa para sua felicidade individual e da sua comunidade como um todo. E se é você quem está mudando e quer que seu companheiro esteja com você nas novas rotas, minha dica é: haja como um jardineiro e não como um trator. Passar por cima do outro dizendo que ele está errado ou que é lerdo não vai ajudar, mas trata-lo com carinho, fazendo negociações, lhe dando insumos informativos e opções, inserindo-o de forma gradativa e respeitosa, etc, podem facilitar e até acelerar o processo.

O casamento pode ser livre?Não consigo mais imaginar relacionamentos onde eu não possa sentir vontades diferentes, curiosidade, etc. Ontem eu odiava chuchu e hoje quero experimentar, só porque eu disse que eu odiava nunca vou poder sentir o gosto do bendito legume? Eu já ouvi e falei muitos “não’s” e concluo que foi pura falta de segurança e maturidade. É incrível encontrar alguém com quem você possa ser sincero e ser realmente livre. Ninguém precisa gostar e fazer as mesmas coisas que o companheiro, mas se a ideia é ter um relacionamento saudável, maduro e duradouro, penso que é necessário respeitar sem deixar de lado o bom senso e amor próprio pois negar-se também é arriscado, é o famoso “equilíbrio”.

Em minhas experiências entendi que algo que está no topo das coisas vitais para um ser humano ser feliz é a liberdade. Mais um item na lista de quem acha que só o amor basta. Não, não basta, pelo menos para mim não. Quero ao meu redor pessoas que me estimulem, que agreguem, que tragam novidades, que não tenham certezas absolutas, enfim, que entendam que estamos aqui para evoluir e sintam que juntos é muito mais gostoso!

*Perdeu os primeiros relatos da série “Pé-na-bunda, dado ou tomado, ensina muito!”? Não se desespere! Confira clicando nos links abaixo! 😉

1 – Vá aproveitar a vida!

2- É bom ser da mesma espécie

3- Seja você mesmo. Mesmo.

Sâmela Silva, é Jornalista, Consultora em Gestão Empresarial e Palestrante pelo projeto Marula Brasil. Curiosa que é, teve a oportunidade de morar em Moçambique, África, onde o despertar pela escrita falou mais alto.

LinkedIn | Twitter | Facebook | Projeto Marula Brasil