Brasil e sua exportação mundial de porcarias, o jeito é valorizar a laranja mesmo.

Estava eu a caraminholar sobre o quanto a cultura do meu país, Brasil, é consumida por Moçambique. Uns acham bacana, outros acham que Moçambique está para ser “colonizado” novamente, desta vez por Portugal e a terra Tupiniquim. Omissões e exageros à parte…

Na semana passada um discurso feito pela escritora moçambicana, Paulina Chiziane, no seminário “A Literatura Africana Contemporânea”, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília, capital brasileira, fez sucesso nas redes sociais. Nele, Paulina desabafa sobre o quanto as novelas e igrejas brasileiras tem invadido a rotina da sociedade moçambicana e o quanto isso pode sufocar a cultura local. Clique aqui para ler a notícia na íntegra.

Em paralelo, andando pelas ruas de Maputo, capital de Moçambique onde moro, me deparei com este outdoor:

Sim uma das “mulheres frutas” do Brasil virá fazer um show em Maputo, se é que esse tipo de coisa pode ser chamado de show. PS: Se você vai ao show, por favor, não fique triste, eu sei que existe gosto pra tudo! E pra quem não sabe como é a coitada da fruta chamada jaca, clique aqui.

Primeiro veio a Mulher Melancia, agora é a vez da Jaca. Coitadas das nossas frutas…

Olha, é difícil falar sobre isso sem ofender ambos os lados, mas que a cultura brasileira anda ganhando seu pedaço aqui, anda. É Igreja Universal, entre outras denominações, são novelas em canais abertos e pagos, comida, música, capoeira, etc. Acredito que muito se deve por falarmos a mesma língua e termos uma história tão parecida, pois nós brasileiros também fomos colonizados pelos “Tugas” e nascemos da mistura com os genes negros trazidos de África, inclusive de Moçambique. Mas independente disso, minha real opinião, é que há sociedades com perfil ativo e passivo. Os passivos consomem mais itens internacionais e os inserem em seu dia-a-dia, por vezes até esquecendo ou desvalorizando seus próprios costumes. Os ativos vão ganhando dinheiro e exportando o que lhes convir às custas da passividade dos outros.

No quesito “porcaria”, ao meu ver, a culpa não é do Brasil. O Brasil só exporta porque tem gente que consome, e paga, paga muito bem por isso. Eu ficaria muito feliz se visse menos porcaria brasileira fazendo sucesso por aí, mas parece que realmente é disso que o povo gosta. E eu ficaria mais feliz ainda se algumas sociedades dissessem NÃO para estes “produtos importados”. Como diria, o ator e vlogueiro brasileiro, Felipe Neto, “A gente deveria valorizar a laranja brasileira. Porque isso sim é uma coisa boa que o Brasil exporta pro mundo. O resto tá fogo”.

Sâmela Silva, é uma brasileira, que de viagem em viagem, foi morar em Moçambique, África, onde o despertar pela escrita falou mais alto. Jornalista e Consultora em Gestão Empresarial, vem descobrindo o mundo e se descobrindo por meio de ideias rabiscadas nos bloquinhos virtuais. LinkedIn | Twitter | Facebook | Blog “A grama da vizinha”